Inteligência Artificial em Moçambique: Onde estamos e para onde vamos
Moçambique dá passos importantes na preparação para a era da Inteligência Artificial (IA), mesmo reconhecendo ainda em fase inicial neste domínio. O Governo, através do sector das Comunicações e Transformação Digital, está a implementar um conjunto de acções estratégicas para desenvolver uma base ética, legal e institucional sólida para a adopção responsável da IA.
A informação foi avançada por Lourino Chemane, Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação, (INTIC). Na ocasião Lourino Chemane fez menção do Relatório de Avaliação de Prontidão para a IA da UNESCO, que dá conta que Moçambique ocupava até o ano passado a 177ª posição entre 188 países avaliados, indicando desafios significativos em áreas como regulamentação, inovação, capacitação e infra-estrutura.
Para reverter este quadro, o Governo de Moçambique tem demonstrado forte compromisso ao estabelecer prioridades para os próximos anos, incluindo a elaboração de legislação específica, a criação de uma estratégia nacional de IA e a mobilização de parcerias internacionais.
Neste contexto, O PCA do INTIC destaca iniciativas como a aprovação da nova Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em 2024, que reforça o incentivo à pesquisa e à inovação em tecnologias emergentes, incluindo a IA. “Além disso, o país participa activamente em eventos científicos, feiras internacionais e fóruns de cooperação, como a Expo 2025, onde a IA é vista como elemento central para o futuro social e tecnológico de Moçambique”, disse.
Há também um esforço contínuo para fortalecer as capacidades humanas, com programas de formação, inclusão de mulheres na área de CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e o apoio a estudos e projectos de pesquisa voltados para o uso ético e responsável da IA. Para Chemane, a participação de Moçambique na “Women Elevate Initiative” e em grupos de trabalho internacionais, como o do Banco Mundial, evidencia o compromisso do país em promover uma governança de dados sólida e uma inclusão ampla no ecossistema de inovação.
Embora o país ainda enfrente desafios estruturais e de infra-estrutura, o Governo demonstra estar a criar os alicerces necessários para uma adopção ética e sustentável da Inteligência Artificial. O trabalho em curso, apoiado por parcerias internacionais e focado na elaboração de marcos regulatórios e estratégicos, indica uma trajectória de preparação e adaptação para aproveitar os potenciais benefícios da IA, sempre em consonância com princípios éticos e de inclusão social.
Paralelamente a Estes esforços, é importante destacar que já existem registos do uso da Inteligência Artificial em diversas áreas no nosso país. Na Saúde, por exemplo, a IA tem sido utilizada para prever surtos de doenças sensíveis ao clima. Na Educação, a implementação de ambientes virtuais de aprendizagem e a orientação de trabalhos de final de curso são algumas das inovações que já estão em prática. No sector do Turismo, temos o MozGPT, uma versão personalizada do ChatGPT, que responde a questões sobre turismo, cultura local, percursos, praias, culinária, monumentos e a rica história de Moçambique. Na Agricultura e Segurança Alimentar, sistemas de irrigação automatizados e monitoria da saúde das plantas e colheitas também fazem parte das aplicações de IA. Na Economia, assistentes virtuais, como ChatBots, têm sido implementados para aumentar a competitividade no ambiente empresarial.
A partir destes exemplos da aplicação da IA no nosso país, Prof. Doutor Lourino Chemane acredita que “Moçambique segue assim numa rota de transformações, buscando alinhar-se às melhores práticas globais e garantir que a revolução digital seja uma oportunidade de desenvolvimento sustentável, responsabilidade e soberania nacional”.
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