Profissionais contam histórias inspiradoras
Maputo, 22/04/2021 – Eulanda, Miwanda, Sázia e Esperança, quatro profissionais moçambicanas que um dia sonharam no poleiro das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Por ocasião do Dia Internacional da Rapariga nas TIC, comemorado em cada quarta quinteira-feira de Abril, que este ano calhou dia 22, realizou-se um debate virtual, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), em que as quatro participantes contaram as suas histórias de estudante e professionais de TIC.
Sob o lema “O Papel da Rapariga no Desenvolvimento das TIC”, o debate foi orientado por outras duas mulheres, formadas em TIC e em posições de destaque, nomeadamente a Enga Nilsa Miquidade, Secretária Permanente do MCTES, que presidiu à cerimónia de abertura, e a Dra. Dulce Chilundo, até há pouco Directora Geral do INTIC, que serviu de moderadora.
Eulanda Daniel é analista de dados no MCTES, Miwanda Cossa é uma empreendora da área de TIC, ligada organização não-governamental Muthiana Code, Sézia Sousa é também empreendedora em TIC, ligada à Associação Moçambicana de Profissionais e Empresas de TIC (AMPETIC), e Esperança Afonso docente de informática, da universidade estatal UNROVUMA, sediada na província nortenha de Nampula.
Na sua intervenção, a Secretária Permanete do MCTES destacou a visibilidade do papel da mulher na área de TIC como um dos factores que podem inspirar e influenciar as mais jovens no momento de escolher os cursos ou profissões.
“Apoiar a educação de mulheres e raparigas na área de TIC, também está de acordo com os objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), que é alcançar a igualdade de género e emponderar todas as mulheres e meninas por meio, entre outros domínios, das TIC”, disse.
Por seu turno, Esperança Afonso, contou a sua experiência como docente de TIC, defendendo o ensino secundário como o marco a partir do qual se deve começar a preparer as raparigas como profissionais de TIC do futuro, fazendo-as interessar-se pelas ciências exactas, em especial a disciplina de matemática.
“Precisamos de incentivá-las muito cedo a interessarem-se pelas ciências, para mais tarde abraçarem o ramo das TIC”, disse, frisando que a sua experiência em docência lhe permite prever que, por esta via, é possível influenciar as escolhas de muitas raparigas.
Referindo-se às dificuldades em que está envolto todo o processo de ensino e aprendizagem, em particular das raparigas, a docente defendeu ainda que a sociedade precisa de acreditar que a mulher pode fazer mais, só precisa de ser muito forte.
Como incentivo às raparigas para abraçarem as TIC, ela revelou que a UNIROVUMA está a equacionar atribuir bolsas de curta duração para as raparigaas daquela região.
Terminou afirmando que tem um sonho que gostaria de tornar realidade, que é criar uma rede de mulhres incubadoras de TIC.
De Nampula falou também Miwanda Cossa, da comunidade Muthiana Code, que emoncionou as participantes ao confessar que, quando escolheu o curso de Engenharia informática pensava que ia ganhar muito dinheiro, mas, muito cedo viu o seu sonho a desvanecer quando começou a ter dificuldades de entender as matérias.
“No começo, o curso foi muito difícil”, frisou, realçando ser agravante o facto de o número de raparigas ser muito inferior ao de rapazes.
Contou que houve muitas desistências no curso a ponto de sobrarem apenas duas raparigas.
“Restamos duas raparigas. Mas, para mim, a situação agravou-se mais porque a outra acabou também por desistir”, disse.
“As coisas complicaram-se muito quando a úncia colega que restava também decidiu desistir”, lamentou.
Disse que, até hoje, o ambiente de descriminação ensombra a sua vida professional porque, numa situação de igualdade de circunstâncas, não entende por que razão é menos remunerada em relação ao colega de sexo oposto.
Perguntou e institiu se alguém dos participantes poderia aconselhar sobre o que fazer para superar a situação. Silêncio!
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